
Está muito frio lá fora. O dia começou com uma névoa e triste.
Estive pensando essa madrugada... O amanhã é incerto.
Pode-se prever, mas não ter certeza do amanhã.
Pode-se planejar, mas não esperar que se concretize minuciosamente.
Pode-se sonhar, mas não acreditar.
Nos últimos dias meu coração tem dado algumas marteladas quanto ao deixar para amanhã. Quantas coisas deixamos para uma amanhã sem oportunidades.
A vida é cheia de surpresas, pegadinhas, tropeços. A morte está logo atrás do fôlego de vida. Seguindo seus passos, sua fraqueza.
Por isso, vamos ser mais tolerantes, mais pacientes uns com outros. Deixar para ficar bravo por um motivo que seja o motivo para se enfurecer. Gritar só em último caso e peneirar as palavras uma a uma, palavras são mais afiadas que uma espada de dois gumes. Elas atravessam a alma e ficam por ali roendo as cordas do coração, transformando-se em feridas difíceis de serem cicatrizadas.
Não deixe para amanhã para pedir perdão. Para se arrepender. E se não houver amanhã para você?! Como vão ficar as pessoas que você ama mas que não sabem disso declarado em berros, em cochichos, seja como for?! Como vão ficar aqueles que você perdoou, mas o orgulho não lhe permitiu dizer?!
Expresse... Se expresse. Doe seus sorrisos, abrace sempre. Procure sentir o calor do outro.
Beije, beije muito.
Por favor, perdoe. Aprenda a passar por cima de algumas coisas, se possível todas. O ser humano é falho, isso é fato. Errar é do homem mesmo, se a pessoa verdadeiramente se arrependeu perdoe, se não, perdoe assim mesmo. O caráter humano será sempre duvidoso. Quando não perdoamos alguém ficamos presos a essa pessoa, literalmente presos. Começa então a virar defunto em suas costas, a sugar a sua vida, suas forças, obscurecer sua alma. Perdoe logo e se livre desse defunto. Outra coisa, perdoar de fachada não vale. Coisas do tipo “eu perdoou, mas não quero vê-lo nem pintado de ouro”. Isso não é perdão meu caro, isso é ilusão. Portanto não se iluda. Perdoar de verdade é sentir-se capaz de abraçar outra vez, beijar a face, estar no mesmo ambiente sem olhares atravessados, sem aquela cara típica de que “nunca vou me esquecer do que você fez comigo”. Perdoar, como diz minha querida mãe, é esquecer. Perdoar é conviver novamente. Lógico que você não vai dar à cara a tapa, embora todos nós mereçamos uma segunda chance. Como disse Cristo, perdoe setenta vezes sete.
Valorize mais aqueles que estão ao seu lado: seus amigos, as pessoas do seu ciclo, do seu mundo.
Observe a chuva, o sol, o céu. Observe as pessoas, suas formas, seus jeitos, seus traços. Ninguém sabe se os seus olhos vão estar bonzinhos para sempre.
O que estou tentando dizer é que a vida passa. Breve, veloz.
Têm oportunidades que são únicas. Outras que nem chegam, mas se valer a pena, a gente cria oportunidades também. Não as deixe passar. Não seja um espectador da sua própria vida. Não deixe que o hoje seja um passado mal resolvido confiando na possibilidade de voltar atrás. Possibilidade é feito probabilidade. Não há uma resposta exata apenas uma aproximação da resposta. O que parece ser fácil pode se tornar muito difícil às vezes.
Seja uma alma galopante, vivente. Não tenha muita pressa, nem seja muito devagar. Corra sob medida, sob controle. Tenha equilíbrio e mantenha-se.
Extrapole de vez em quando.
Experimento coisas novas.
Adrenalina!
Não se esqueça que o sorriso é uma porta aberta.
E o mais importante, não deixe mais nada para amanhã.
Valorize mais aqueles que estão ao seu lado: seus amigos, as pessoas do seu ciclo, do seu mundo.
Observe a chuva, o sol, o céu. Observe as pessoas, suas formas, seus jeitos, seus traços. Ninguém sabe se os seus olhos vão estar bonzinhos para sempre.
O que estou tentando dizer é que a vida passa. Breve, veloz.
Têm oportunidades que são únicas. Outras que nem chegam, mas se valer a pena, a gente cria oportunidades também. Não as deixe passar. Não seja um espectador da sua própria vida. Não deixe que o hoje seja um passado mal resolvido confiando na possibilidade de voltar atrás. Possibilidade é feito probabilidade. Não há uma resposta exata apenas uma aproximação da resposta. O que parece ser fácil pode se tornar muito difícil às vezes.
Seja uma alma galopante, vivente. Não tenha muita pressa, nem seja muito devagar. Corra sob medida, sob controle. Tenha equilíbrio e mantenha-se.
Extrapole de vez em quando.
Experimento coisas novas.
Adrenalina!
Não se esqueça que o sorriso é uma porta aberta.
E o mais importante, não deixe mais nada para amanhã.
3 comentários:
muito legal teu post,mas não funciona tão bem assim na prática pra mim,eu sou dífícil,mas eu tento perdoar.Acho até que perdoo,mas a pessoa não precisa nunca mais contar comigo.
bj
Tem toda a razão. Beijo
- É meia noite… e está tudo bem, com a graça do Senhor…
A noite estava fria. Uma neblina franzina, empurrada do rio, galgara o porto e espalhara-se pelas ruas desfocando os contornos e criando auréolas esbranquiçadas em torno dos candeeiros. As sombras, húmidas, escorregavam pelas paredes de pedra, abafando os passos nas calçadas de pedra.
A cidade dormia.
Não fora a presença do guarda nocturno, de lanterna em punho… e dir-se-ia que o silêncio era total; até os estivadores das docas, habituais fregueses tardios dos bares e tabernas da zona ribeirinha, haviam partido para parte incerta… deixando as ruas desertas.
O guarda Marcelino, primeiro cabo da guarda, nunca se conseguira habituar à cidade.
Lisboa, por muito que lhe dissessem o contrário, era suja, tresandava a peixe e albergava os piores facínoras do reino – ladrões, agiotas, mercenários das colónias, assassinos.
Mas em tempos de crise…
Enquanto caminhava ao longo da praça, veio-lhe à memória a imagem da sua aldeia natal, perdida entre os pinhais e as dunas, lá bem para o norte, junto da foz do Mondego.
- Ah, o campo, nada como o campo… - deu consigo a murmurar.
Mas o campo e a província ficaram longe, tal como a família.
- Se tudo correr bem… são só três anos – prometera ele – faço uma comissão e depois venho-me embora…
A mulher esperaria por ele. A mulher e as crianças, as quatro pequeninas e a que já vinha a caminho… se Deus quisesse, havia de ser um rapaz… depois de quatro raparigas, tinha que ser um rapaz…
E os três anos haviam passado.
Aquela ronda... seria a penúltima ronda. A sua comissão terminaria no dia dois de dezembro, e se os santos o permitissem, ainda chegaria a casa antes do natal.
Contornou o pelourinho e dirigiu-se à mouraria.
Algumas vozes e o passar de uma carroça trouxeram-no de novo à realidade.
- É uma da manhã... e está tudo bem, com a graça do Senhor...
Um pouco à frente, alguém despejava um balde de água para a rua; desviou-se a tempo, pragejando.
- Ó da casa... arre que vem gente a passar....
Ninguém lhe ligou.
Continuou, ladeira acima, os lampiões da fachada do castelo a assomar por entre as sombras da noite. Ajeitou melhor o agasalho.
O frio... aquele frio húmido que ia direito aos ossos, como detestava aquele frio. Mas o inverno ia ser chuvoso, diziam os entendidos.
O ano da graça de 1755 não fora de feição para a terra. O verão viera tardio, as searas mal espigaram, o trigo escasseava nos mercados. Os varões sadios e escorreitos alistavam-se no exército, que el-rei pagava mal mas alimentava as bocas e provia tecto a toda a gente.
Um leve tremor agitou-lhe os passos, desequilibrando-o.
- Ora essa... – estranhou – quem me visse diria que nem me tenho nas pernas...
Não teve tempo para novo pensamento. Um rumor grave e surdo foi aumentando de volume, como se as entranhas da terra gemessem uma dor infernal. Voltou a sentir o chão o tremer com violência, ao mesmo tempo que algumas pedras se desprendiam das paredes e tombavam sobre a calçada.
O que era aquilo, por Deus?
Aqui e ali, gritos irromperam. Num instante, a rua encheu-se de gente, candeias acesas, as mães fugindo de casa com os filhos nos braços.
Após uns segundos de intervalo, a terra tremeu novamente.
Caiu por terra.
- Por todos os santos... fugi, fugi todos... – passou alguém a correr – fugi que é um terramoto...
O guarda Marcelino ainda tentou levantar-se. Mas a torre da igreja, com um rugudo de dor, precipitava-se já sobre ele, desfazendo tudo à sua passagem.
Corria o dia um de dezembro do ano da graça de 1755, em Lisboa.
Penúltima ronda do guarda Marcelino, primeiro cabo.
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